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segunda-feira, 15 de março de 2010

Deputado imprime material de campanha com dinheiro da Câmara, diz jornal

Waldemir Moka usou cota para imprimir folhetos para se lançar ao Senado.


Caso poderá tornar deputado inelegível, diz MP no Mato Grosso do Sul.


Destinada a custear as despesas do trabalho parlamentar, a verba indenizatória do gabinete do deputado Waldemir Moka (PMDB-MS) foi utilizada para pagar a impressão de panfletos no qual o congressista lança sua candidatura ao Senado, revela matéria publicada no jornal “Folha de S. Paulo”.


O jornal apresenta um panfleto no qual o deputado sul-matogrossense aparece sorrindo na foto que simula a votação para o Senado na tela da urna eletrônica. As instruções para o voto foram reproduzidas em 40 mil exemplares de boletim "Moka Senador", distribuídos entre filiados do PMDB em Mato Grosso do Sul e pagos -tanto a impressão como a distribuição- com verba pública, diz a reportagem.


Câmara autorizou gasto

O gasto, de pelo menos R$ 12 mil, foi autorizado pela Câmara dos Deputados, embora a regra para uso da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar proíba o pagamento de despesas "de caráter eleitoral". O uso de dinheiro público em materiais de campanha é passível de punição pela Lei Eleitoral. O procurador eleitoral do Ministério Público federal em Mato Grosso do Sul, Pedro Paulo Grubits, adiantou que o caso, que poderá tornar o deputado inelegível, será investigado, afirma o jornal.


A reportagem diz ainda que Moka confirmou ter usado verba destinada à divulgação da atividade
parlamentar. "Se falarem que eu não poderia usar [a verba] para fazer isso, eu faço questão de pagar. Não vale ter esse tipo de desgaste com valores tão pequenos", disse.


Deputado federal em terceiro mandato e ex-líder do PMDB na Câmara, Waldemir Moka foi indicado no início do mês para presidir a Comissão Mista de Orçamento, a mais importante do Congresso. Antes, ocupou cargo de direção da Câmara, na Terceira-Secretaria, responsável, entre outras tarefas, pelo fornecimento de passagens aéreas, alvo de recente escândalo na Câmara.


Moka é membro da bancada ruralista e teve o nome cotado pelo presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), para comandar o Ministério da Agricultura no segundo mandato do presidente Lula, diz o jornal. A vaga acabou ocupada por outro peemedebista, Reinhold Stephanes.


Panfleto era para prévias


Desde outubro passado, ficou acertado que a vaga de candidato do PMDB ao Senado por Mato Grosso do Sul seria objeto de uma disputa prévia entre o deputado Moka e o senador Valter Pereira. As prévias serão em 7 de março.


O valor gasto por Moka para bancar o material de campanha com dinheiro destinado a cobrir despesas relativas ao exercício da atividade parlamentar refere-se a pagamentos à AG Gráfica e Editora e não inclui o gasto com a distribuição dos folhetos pelos correios, também paga pela Câmara. Dependendo do Estado de origem, cada deputado pode gastar até um limite de pouco mais de R$ 23 mil a pouco mais de R$ 34 mil por mês.


Os pagamentos dos folhetos de propaganda de Moka também revelam a fragilidade na fiscalização dos gastos da cota parlamentar, apesar das recentes mudanças destinadas a aumentar o controle, diz a reportagem. O diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, confirmou que os pagamentos foram autorizados após triagem pelos funcionários da Casa, mas poderão ser revistos. "A norma diz que é passível de ressarcimento gastos para a divulgação da atividade parlamentar, mas esse é um conceito amplo, não tem uma fronteira delimitada", argumentou.

Transparência

O deputado Waldemir Moka diz ter usado a verba da Câmara para imprimir e distribuir os boletins que estampam "Moka Senador" no cabeçalho para "dar transparência" às despesas com as prévias. Segundo o deputado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou em consulta recente que candidatos a prévias não poderiam receber doações diretamente. Somente os partidos estão autorizados a receber doações destinadas às prévias. "As regras não dão margem a bancar as coisas, como eu ia justificar para a Justiça eleitoral a origem dos recursos?", argumentou o deputado.

FONTE: Folha de São Paulo

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