Os pré-candidatos à Presidência da República devem deixar os cargos que ocupam até seis meses antes da eleição, no começo de abril. Em seguida, eles amargam um período de menor visibilidade que vai até julho, quando as candidaturas são formalizadas e as campanhas podem começar. O período de pré-campanha, na opinião de Antonio Lavareda, especialista em marketing eleitoral e colunista da Band News FM, representa “uma temporada de hipocrisia”.
“Eles têm de deixar o cargo porque teoricamente estamos entrando na conjuntura eleitoral. Mas se estamos entrando na conjuntura eleitoral, por que o candidato não pode fazer pré-campanha?”, questiona.
O especialista defende a ampliação do tempo de campanha como solução para a atual legislação. “Quanto mais longa uma campanha, mais o eleitorado tem oportunidade de conhecer os candidatos, suas ideias e fazer uma melhor avaliação deles. Ou seja, as campanhas mais longas ajudam a democracia, não prejudicam.”
Manobras para aparecer
“Os candidatos precisam se tornar conhecidos, divulgar suas ideias e vão procurar subterfúgios para poderem cumprir essa finalidade”, defende. O governador José Serra (São Paulo), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) e a senadora Marina Silva (PV-AC), principais presidenciáveis nestas eleições, devem viajar pelo país e frequentar reuniões entre abril e junho. Outra possibilidade é a participação em propagandas partidárias, exibidas justamente no período de pré-campanha.
A utilização da internet é uma alternativa para candidatos que, como Marina, lançam a candidatura por partidos menores e, por isso, têm tempo reduzido de propaganda na TV e no rádio. O uso da rede para campanhas foi liberado na mini-reforma eleitoral aprovada pelo Congresso no ano passado.
“Mais de 40% da nossa população acessa a internet com regularidade”, contabiliza. “Resta ver como a Marina utilizará isso para complementar o pouco tempo de televisão que disporá para campanha”, afirma.
Legislação “absurda”
Segundo Lavareda, os pré-candidatos não deixarão de fazer campanha eleitoral durante o período, e a imprensa apontará que eles estão descumprindo a lei. Porém, o ponto considerado crucial pelo analista não será tratado: a crítica às regras eleitorais. “É uma legislação absurda que nem os candidatos têm a coragem de criticar, nem a imprensa tem o bom senso de reconhecer que é absurda”, afirmou.
Como exemplo do “absurdo”, Lavareda menciona que, na atual legislação, se um governador quiser se candidatar a deputado federal, ele precisa se afastar do cargo para concorrer às eleições. Em contrapartida, se quiser se reeleger como governador, não há necessidade de afastamento.
Para o especialista, somente a pressão midiática poderia mobilizar os parlamentares em torno da alteração da atual lei eleitoral. “Como a imprensa não critica a legislação, ela tende a se manter. Em suma, a culpa é de vocês, jornalistas.”
FONTE: eBand
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